A Cúpula do Clima, evento preparatório para a COP-30, que teve início na quinta-feira (6) em Belém (PA), está cercada por críticas e improvisações. Participantes relataram desde as primeiras horas problemas graves de infraestrutura e organização, levantando dúvidas sobre a capacidade da cidade de sediar uma conferência internacional de grande porte.
Durante a cerimônia de abertura, os sinais de atraso eram evidentes: carpetes ainda estavam sendo instalados e diversas salas permaneciam em fase de montagem. A área destinada à imprensa sofreu com quedas de energia, televisores inoperantes e até banheiros sem abastecimento de água.
Além das falhas estruturais, os visitantes enfrentaram hotéis lotados, transporte público insuficiente e serviços sobrecarregados. A combinação desses fatores gerou apreensão entre os participantes e especialistas, que questionam se Belém está preparada para receber a COP-30 em 2025.
Organizações e lideranças amazônicas também denunciaram a exclusão de representantes locais e os altos custos para participar do evento. Para muitos, as conferências climáticas têm se distanciado de suas raízes ambientais, transformando-se em espaços voltados para negócios e interesses econômicos.
O cientista político Gabriel Amaral, em entrevista ao portal R7, alertou para o risco de a COP-30 ser lembrada mais pelos problemas logísticos do que pelos avanços ambientais. “A COP30 não é apenas um evento ambiental, mas um exercício de afirmação internacional. Quando um país assume o papel de liderança climática, ele se coloca sob um padrão mais rigoroso de observação”, afirmou.
Amaral também destacou a incoerência entre o discurso presidencial contra os combustíveis fósseis e a recente autorização para exploração de petróleo na Margem Equatorial. Segundo ele, essa contradição tem sido percebida internacionalmente como um sinal de desalinhamento entre intenção e prática. “A imagem não se desgasta pelo conteúdo do discurso, mas pela distância entre intenção e prática. Esse tipo de descompasso é rapidamente notado por outros países, por organizações multilaterais e pela imprensa internacional”, completou.
Na cobertura internacional, as críticas se intensificam: aumento abusivo nos preços de hospedagem, falta de estrutura urbana e questionamentos sobre a coerência das políticas ambientais do governo federal reforçam o clima de cautela em torno da COP-30.
Foto Ricardo Stuckert – PR


